Publicado no "Linhas de Elvas" de 15 de Outubro de 2009
Na ditadura partidocrática que nos impuseram sem referendo, os eleitores não podem escolher livremente os seus dirigentes. Para a Assembleia da República - as eleições mais importantes - só podem votar em partidos, ou seja, em listas, por ordem fixa, feitas ditatorialmente por meia dúzia de pessoas. Isto é baseado na falsíssima ideia de que cada partido representa uma ideologia, diferente das dos outros e que se exprime nos dizeres (falsos) de que as pessoas não interessam e o que vale são as ideias.
As eleições autárquicas de 2009 forneceram mais uma excelente demonstração da falsidade daquelas afirmações e bom seria que os portugueses acordassem e exigissem a alteração da Constituição que permitisse eleições livres, já que apenas o é a eleição do Presidente da República: é candidato quem o deseja ser e é apresentado com o apoio dum certo número de eleitores, no caso cerca de 0,1 a 0,2% dos eleitores. Os partidos, que têm toda a razão de existirem como associações de cidadãos com o mesmo credo político mas nunca como "órgãos de poder" e muito menos como "órgãos de poder ditatorial", limitam-se a apoiar o candidato que entenderem.
A demonstração do que afirmei no início foi dada pelas eleições autárquicas de Faro e Tavira. Na grande maioria dos casos os Presidentes das Câmaras Municipais foram reeleitos e é bem evidente que se Macário Correia quisesse continuar a presidir à Câmara Municipal de Tavira também seria reeleito. Confiado na sua boa capacidade como autarca, resolveu candidatar-se a Faro, a capital do distrito e, portanto, com mais alargadas responsabilidades. Era uma candidatura arriscada porque, dentro da regra da reeleição dos Presidentes, teria de ganhar a José Apolinário e até lutar contra a imensa propaganda socialista, ajudada por uma boa parte da comunicação social. Macário Correia (PSD) ganhou a José Apolinário (PS). Porque os farenses resolveram preferir a Social Democracia ao Socialismo, se os nomes dos partidos tivessem alguma validade? Certamente que não. Apenas consideraram que Macário lhes dá mais esperanças de fazer melhor que Apolinário.