Publicado no “Linhas de Elvas” de 6-9-2007
O estado – ou qualquer entidade pública – tem vocação para tudo o que quiser. Basta que tenha ao seu serviço pessoas competentes para o efeito.
Há tempos, um candidato que já exerceu cargos de alto nível, declarou que o serviço para que se candidatava tinha funcionários a mais e que, dispensando-os, daria a tarefa que hoje fazem a privados. Como prova da incapacidade desse candidato não se encontraria melhor! Não há muito, denunciei o caso dum ministro, igualmente da escassa capacidade, que declarou que um determinado sector do seu ministério, se não tivesse, pelo menos, a interferência de privados, não era capaz de funcionar eficientemente, o que não era verdade e até mostrava que ele nem sabia o que esse sector tinha feito de muito bom antes das destruições a que o submeteu.
Nenhum privado se presta a receber um serviço público se não tirar daí algum lucro. Se o estado paga a privados porque o ministro da pasta não é capaz de executar, pelo menos tão bem, o que esse privado vai fazer, o que se prova é que tal pessoa “não tem vocação” para o cargo que exerce e é urgente substituí-lo. Isto, claro, se Portugal quiser sair da cauda da Europa. E porque temos tido tantos ministros “sem vocação” para os seus cargos, continuamos na cauda da Europa!
Não se depreenda destas palavras que eu quero um governo a fazer TUDO, como seria um governo realmente socialista, que nada tem a ver com o que usa erradamente esse nome, que se declara de esquerda, que faz acções de direita e de extrema direita, que é incapaz de desenvolver o país, que reduz brutalmente o nível de vida da grande massa dos portugueses e protege imenso a minoria de privilegiados.
Eu gostaria de ter um governo que não afogasse a iniciativa privada na agricultura, na indústria e no comércio mas que não abdicasse (por ter ministros “sem vocação”) das suas responsabilidades nas acções de desenvolvimento do país e de protecção social. E que, em vez de ter a maior parte da população portuguesa com um nível de vida muito abaixo da média europeia (e cada vez mais baixo...) o elevasse até ao nível dos melhores, para o que o país tem suficientes potencialidades.
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