Publicado no “Linhas de Elvas” em 19-6-2008
Uma das regras da democracia é a de se obedecer à "maioria". Após uma votação, ganha e vai exercer funções a pessoa mais votada, qualquer que seja a margem, grande ou pequena, por que ganhou. Está mesmo consagrado o slogan de que "em democracia, por um voto se ganha e por um voto se perde". Acabada a votação, todos acatam esse resultado.
Isto passa-se em democracia e é necessário para que o sistema funcione. Aqueles que apregoam democracia mas não a praticam - os que eu designo de "democratas para uso externo" - não funcionam assim. O primeiro sintoma dessa "doença" é vermos os que não ganharam, em vez de acatarem os resultados, encarniçarem-se para derrubar quem ganhou. Também temos visto alguns que, quando ganham, foi uma vitória da democracia; quando perdem, a democracia está em perigo. (Lembram-se das declarações do Dr. Mário Soares durante a campanha nas últimas eleições presidenciais?).
Um outro caso é ver e ouvir as declarações, normalmente de comentadores, que apregoam democracia mas não a praticam, declarar que quem ganhou o fez "com uma confortável maioria" (às vezes, até, quando a maioria nem é muito grande) ou que "ganhou com uma maioria fragilizada". Na realidade, quem ganhou, por muito ou por pouco, vai exercer funções na sua plenitude. Não conheço qualquer caso que diga que, "se ganhou por grande maioria, vai ter o poder x, mas se ganhou por maioria menor vai ter o poder x-y". A forma como o eleito vai exercer as suas funções depende da sua capacidade. Mas, se os que têm obrigação de cumprir as determinações legítimas do chefe, não as cumprem e ele não tem forma de os meter na ordem, não é um caso de política, mas de polícia. O sector encontra-se em perfeita anarquia. Não é democracia.
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