19 de dezembro de 2009

Reprivatizações

Publicado no Linhas de Elvas a 3 de Dezembro de 2009

Nenhum privado compra uma empresa a menos que, considerando a situação em que se encontra e o preço que vai pagar por ela, lhe permita ter lucros. Certamente nenhum privado compra uma empresa para ter prejuízos.

Num acto de "socialismo ao contrário" (1) o estado, com razões que não discuto, nacionalizou o Banco Português de Negócios (BPN), nele colocando, pelo menos, 3,5 mil milhões de euros, dinheiro dos portugueses, pois são estes os donos da Caixa Geral de Depósitos (CGD). Diz, agora, que vai reprivatizar o BPN.

O que qualquer cidadão pensa é que, ou o comprador entrega ao estado os 3,5 mil milhões de euros, acrescidos dos respectivos (e avultados) juros ou está a causar a todos os cidadãos um enorme prejuízo. Se não houver comprador por esse preço e se apenas o BPN puder ser vendido por uma tuta e meia, não interessa a venda. O que o privado ia fazer no BPN por esse preço - e ter, obviamente, lucros - pode, então, ser o estado a fazê-lo, o que é muito simples: é integrar o BPN na CGD, em vez de dar lucros a algum "amigo".

O banco tem alguns activos, principalmente uma série de balcões e uma apreciável carteira de clientes. Se os gestores da CGD não são capazes de fazer tão bem ou melhor o que o privado - ganhando lucros - ia fazer, há que os substituir, sem indemnização, por provada incompetência. Se são capazes, escusam de dar aos tão causticados portugueses mais um enorme prejuízo.

(1) Mota, M. - Socialismo ao contrário. Linhas de Elvas de 6 de Novembro de 2008

blicado no "Linhas de Elvas" de 3 de Dezembro de 2009

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