13 de fevereiro de 2010

A bitola

Publicado no Linhas de Elvas de 21 de Janeiro de 2010

Quando Portugal e a Espanha iniciaram a construção de caminhos de ferro, decidiram usar uma bitola (a distância entre carris) diferente da que era usada na Europa. A razão era para que, numa hipotética invasão da península Ibérica, os soldados não pudessem entrar por essa via. Talvez não fosse uma boa solução e certamente causou alguns transtornos ao longo de mais de um século.

Não sou engenheiro mecânico e por isso o que vou apresentar são essencialmente perguntas e não propostas de que não sei exactamente a viabilidade. Já tenho pensado se não será possível fazer uma alteração de toda a rede - mesmo que por fases, embora não muito lentamente - substituindo as "bogies" (as peças, na parte inferior das carruagens onde estão as rodas) em todas as carruagens de que ainda se espere longa vida e, ao mesmo tempo, também por fases, a substituição da distância entre os carris que, presumo (corrijam-me se estou errado) não será difícil nem exageradamente cara. (Será altura para corrigir a via para não continuar a aberração de termos o alfa pendular a fazer grande parte do seu percurso a velocidade muito inferior aquela para que foi construído.)

O problema da bitola surge agora novamente, agravado com o anúncio de que o TGV vai ter bitolas diferentes para o percurso Caia-Poceirão (bitola europeia) e Caia-Évora (bitola ibérica), algo que se me afigura estranho.

Quanto custa a Portugal e à Espanha a substituição das "bogies" e a correcção dos carris, se isso for viável? Esses custos devem ser muito inferiores aos da construção duma via totalmente nova e teriam a vantagem de ficarmos com um sistema uniforme e igual ao da Europa. A produção, em série, dum elevado número de "bogies", deveria baixar o seu custo. Quanto tempo levaria a estar completa a transformação? Acabariam os transtornos consequentes das duas bitolas e lembro que cada via nova para caminhos de ferro, tal como as auto-estradas, vai consumir uma apreciável área de solo que melhor seria aproveitado para a agricultura ou para urbanismo.

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