1 de novembro de 2010

A PT e a Telefónica

Publicado no Linhas de Elvas de 8 de Julho de 2010

Eu não sou especialista de economia nem de finanças embora, como engenheiro agrónomo, não possa ser totalmente leigo nessas matérias. Mas o que se passa em relação ao desejo de compra duma parte duma empresa no Brasil detida pela PT pela sua congénere espanhola, a Telefónica, basta o senso comum para, pelo menos, levantar algumas questões.

Embora alguns economistas portugueses tentem desvalorizar, com pretextos que não colhem, a ida para o estrangeiro do comando de empresas portuguesas, a verdade é que os governos de outros países - e já ouvimos isso na televisão - põem todos os obstáculos possíveis à compra das suas empresas por estrangeiros.

Ouvimos a alguns dizerem que o preço oferecido pela Telefónica (mais de 7 mil milhões de euros) era uma "proposta irrecusável" porque o valor real é muito inferior. Mesmo que não seja verdade o que também já ouvi, que esse valor seria recuperado pelo comprador em três anos e daí para diante era tudo lucro, o senso comum leva a fazer algumas perguntas:

- Será a Telefónica tão estúpida para tão encarniçadamente querer comprar uma empresa pagando muito mais que o seu valor e, portanto, para perder dinheiro?

- Ou será que a Telefónica espera poder fazer muito melhor que a PT e, apesar de pagar um preço "tão exorbitante", vir a ganhar dinheiro?

- Se, em caso semelhante, a golden share fosse do governo da Alemanha, da França ou da Grã Bretanha seria contestada?

- Estarão os actuais accionistas da PT - muitos deles certamente bons especialistas de finanças - tão desesperadamente necessitados de dinheiro para, perante o desespero da Telefónica para comprar - desespero que certamente faz suspeitar que o preço oferecido esteja muito abaixo do real valor - mesmo assim quererem vender? Ou apenas se contentam com um lucro que parece bom, mas que, pelo tal suspeito desespero, talvez não seja?

Eu não sei responder a estas questões. Mas gostaria que alguém respondesse, com elementos credíveis.

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