16 de março de 2012

A nova universidade

Publicado no Linhas de Elvas de 15 de Março de 2012

Há muito tempo que penso que a Universidade Clássica e a Universidade Técnica de Lisboa se deviam fundir numa única. E a razão é porque não há qualquer sobreposição de escolas, pois as que existem numa não existem na outra. Era escusado ter sido criada, depois da implantação da república, a Universidade Técnica de Lisboa. Bastava criar, na Universidade de Lisboa (Clássica), os institutos que não possuía e, obviamente, deviam ser criados.
Esse passo está agora a ser dado e só tenho que dar as minhas felicitações aos que decidiram pôr a ideia em marcha.
Vejo nos jornais que essa fusão dará "dimensão". Esse facto não me parece ser importante e a razão porque apoio a fusão é por motivo de complementaridade - a nova universidade será mais completa que qualquer das actuais duas - e não para ser maior. A qualidade duma universidade mede-se pela excelência do seu ensino e da sua investigação e não pelo número de alunos. Basta dizer que qualquer das actuais duas tem maior dimensão (em número de alunos) do que as inglesas de Cambridge ou Oxford, cujo alto nível é bem conhecido.
Não sei se tencionam dar à nova universidade um nome novo. Apesar de me ter formado na Universidade Técnica, não me incomoda nada que o nome, após a fusão, continue a ser apenas Universidade de Lisboa.
Do que tenho pena é que, como aliás já sucede com as actuais duas universidades, a nova continue com escolas dispersas por toda a cidade de Lisboa. É muito grande a vantagem duma universidade ser estabelecida num "campus", com boa proximidade entre os seus diversos edifícios. O intercâmbio que tal proximidade permite é uma das vantagens duma universidade - e daí o seu nome. Mas há outros benefícios e um deles é poder reunir num grande departamento matérias que são comuns a vários cursos, em vez dum mini-departamento em cada escola. Alguns exemplos são a Matemática, parte do elenco de muitos cursos ou a Genética, necessária à Agronomia, à Medicina, às Ciências, à Medicina Veterinária e a alguns outros cursos.
Pode ser que, dentro de algumas décadas, isto venha a ser compreendido e a Universidade de Lisboa se instale numa boa área, certamente na periferia da cidade.

1 comentário:

José Batista da Ascenção disse...

Ex: mo Senhor Professor Miguel Mota
Sou professor de Biologia (e, por obrigação, também de geologia) na Escola Secundária Carlos Amarante, em Braga. Há três anos, mais precisamente em 12 de Março de 2012, recortei com particular entusiasmo as páginas 6 e 7 do caderno chamado P2 do jornal “Público” para ler, analisar e discutir com os meus alunos de biologia do 12º ano da altura. Do programa dessa disciplina – com matérias de muito interesse mas deficientemente articuladas e sequenciadas e bastante mal redigido – fazem parte a abordagem à produção biotecnológica de alimentos, pelo que se fala de tipos de agricultura, depois de se abordarem alguns conceitos de engenharia genética precedidos de uns rudimentos de hereditariedade, reprodução, clonagem, etc. E já me havia causado alguma dúvida a expressão “agricultura biológica”, assim como o significado de “clone”, sendo que também não percebia a origem do conceito “célula estaminal” aplicada em embriologia… A leitura e análise dessas páginas foi para mim uma revelação e um contentamento. Porém, e dada a minha pouca aptidão para as tecnologias informáticas, acabei por, nessa altura, não visitar o seu blogue.
Este ano lectivo, porque volto a ter a mesma disciplina, voltei, com gosto àquelas páginas do “Público”. Foi isto há não muitos dias. E então comecei a ler o “agriciência”. Comecei pelo princípio. Paulatinamente, li-o de fio a pavio, sem saltar nada, até ao texto mais recente. Acabei agora mesmo.
Queria transmitir-lhe a minha profunda gratidão: pelo prazer de o ler, pelo muito que me ensinou, pelo seu exemplo de frontalidade, rectidão, lucidez e coerência, e pela esperança que acalento em mim de que o meu país não está absolutamente condenado à mais absoluta miséria e desencanto. Que grandeza haver no meu país Homens assim. E que vileza os incompetentes e corruptos governantes que temos tido não lhes darem atenção. O prejuízo é de todos os humildes e remediados de Portugal, mas não foi por falta do seu aviso. Que pena eu tenho de não o conhecer há mais tempo. E de há mais tempo não o ter lido e estudado.
Para além da gratidão, presto-lhe singela mas sentida homenagem. E deixo registo da minha profunda admiração. Muito bem haja.
Sou: José Batista da Ascenção