23 de fevereiro de 2015

Agricultura urbana

Publicado no "Linhas de Elvas" de 16 de Janeiro de 2014 Recebi, por correio electrónico, um livrinho intitulado “Manual de agricultura urbana”. É um tema que defendo há muitos anos. Por exemplo: além de outros mais antigos, “A produção agrícola dos pequenos quintais” (Jornal de Sintra de 30 de Maio de 2008) e “A horta na varanda” (Linhas de Elvas de 20 de Dezembro de 2012). “Manual de agricultura urbana” é publicado em espanhol por “Azoteas Verdes”, do México. Para aquela agricultura que clama não aplicar produtos de síntese, o livrinho usa as designações erradas de agricultura orgânica e produtos orgânicos (também usadas na Grã- Bretanha e nos Estados Unidos), como se houvesse batatas ou vacas inorgânicas. Outras designações erradas, usadas em Portugal e França, são as de agricultura biológica e de produtos biológicos, como se houvesse couves ou ovelhas que não sejam seres biológicos. A Espanha usa as designações mais correctas de agricultura ecológica e de produtos ecológicos, que estão mais próximas das condições ecológicas naturais. Aliás, sempre ensinei aos meus alunos dos cursos de engenharia agronómica que fazer agricultura é orientar a ecologia no sentido que mais interessa ao homem. Voltando à agricultura urbana, isto é, aquela que é possível fazer em quintais ou varandas, é possível incrementar o que já se faz, com grandes vantagens. E o livrinho dá boas indicações sobre a forma de cultivar as diferentes espécies, a preparação do solo ou dos vasos a usar nas varandas ou terraços, a compostagem, para aproveitar todos os detritos orgânicos e para os transformar em excelente fertilizante, épocas de sementeira ou plantação, pragas e doenças e algumas formas de as combater. As vantagens são múltiplas. Os produtos vão directamente da produção para o consumo, sem demoras de transporte e armazenagem, que lhes fazem perder qualidades. Há a certeza de não conterem produtos tóxicos, a menos que o produtor, se os tiver utilizado, não respeite o intervalo de segurança. Em relação a frutos, que para o mercado são com frequência colhidos bastante antes da completa maturação, para poderem aguentar o transporte e armazenagem, no quintal só são colhidos quando a maturação está completa, assim aproveitando melhor as suas características de sabor e aroma. Não há custos de mão-de-obra, pois o trabalho é um bom e agradável exercício para os membros da família. Quando há crianças, constituem uma excelente aprendizagem da biologia das plantas, desde a germinação da semente à frutificação. Tudo isto se pode fazer em quaisquer quintais, grandes ou pequenos, e até nas varandas, onde normalmente só vemos plantas ornamentais. À escala do país, são muitas toneladas de bons alimentos que não aparecem nas estatísticas mas muito contribuem para a economia e a saúde dos portugueses.

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