11 de janeiro de 2017

A responsabilidade do chefe

Publicado no "Linhas de Elvas" de 26 de Março de 2015 - Em qualquer organização, civil ou militar, em que haja uma hierarquia, cada sector tem, normalmente, um chefe. Está na moda, recentemente, fazer distinção entre “chefe” (mau) e “líder” (bom). Dá-me vontade de rir, pois um chefe é sempre um líder. O que há é bons chefes e maus chefes. A um chefe são dados alguns poderes, sem o que o sistema não funcionaria. Mas também são dadas responsabilidades. Por definição, tudo o que se passa no sector a cargo de um chefe, é da sua responsabilidade, seja bom ou seja mau. A não ser que haja interferência de um escalão superior – do chefe do chefe – caso em que cessa a responsabilidade do chefe do sector, pois passa a ser transferida para o escalão superior que fez a intervenção. Ocorreram recentemente vários casos em que os chefes, normalmente de grandes sectores, tentaram desculpar-se de erros, atribuindo-os a alguns subordinados, e alegando que não tinham tido conhecimento. Tivessem ou não tivessem tido conhecimento, e sem ilibar do erro quem o cometeu, a responsabilidade do chefe continuava a existir. Até demonstrava que o chefe não tinha suficiente controlo do que se passava no sector a seu cargo. Se é um facto que na natureza humana há, com maior ou menor gravidade, falhas e erros, há que os evitar. Se ocorrem alguns de muito más consequências, é natural que haja lugar a punições. Alguns dos poderes do chefe referem normalmente o grau de punições que podem aplicar. Durante os muitos anos em que exerci o cargo de Chefe do Departamento de Genética da Estação Agronómica Nacional, algumas vezes chamei a atenção de funcionários do Departamento, dizendo para tentarem não cometer erros porque “os vossos erros são também erros meus”.

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