Nas palavras sobre o aviador Gago Coutinho (DN 3-9-2006) há uma pequena imprecisão quando se refere que “...acompanhado por Sacadura Cabral, com quem partilharia os comandos do ‘Lusitânia’...”. Gago Coutinho (então Capitão de Mar e Guerra e com 54 anos de idade) não era piloto e, portanto, não podia “partilhar os comandos” com Sacadura Cabral (então Capitão Tenente e, por ser o piloto, o comandante do avião). Os dois foram promovidos por distinção ao posto imediato.
Gago Coutinho era o navegador e, além de outros instrumentos de navegação aérea, inventou o sextante que tem o seu nome e que, com a adaptação dum nível, permitia navegar no ar com a mesma precisão com que se navegava no mar. O valor dessa precisão ficou particularmente demonstrado na etapa de Cabo Verde aos Penedos de S. Pedro e S. Paulo, umas ilhotas cuja maior tem uns 200 metros de comprimento, que alcançaram ao fim de mais de 11 horas de voo sobre o mar. A I Travessia Aérea do Atlântico Sul, em 1922, é talvez o maior feito dos portugueses no século XX e um dos maiores na aviação mundial, ao mesmo tempo heróico e científico. Só por inépcia dos portugueses – praticamente nem celebraram a passagem dos 75 anos! – é que é quase desconhecido no mundo. O caso é tanto mais chocante porque todo o mundo conhece Lindbergh cujo feito, cinco anos mais tarde, embora importante, é muito menos importante e sem a enorme precisão da navegação dos portugueses .
Nota – A negro o que foi suprimido pelo jornal
Publicado no “Diário de Notícias” de 6 de Setembro de 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário