Publicado na “Floresta e Ambiente”, Ano 19, Nº 76, Janeiro/Março de 2007
Não sei como são feitas as medições nem que nível de precisão têm. Mas sei que os fogos florestais (hoje, em Portugal, mais do que noutros locais e do que eram antigamente) lançam na atmosfera quantidades astronómicas de CO2. E ainda há a acrescentar, especialmente para certas espécies de resinosas, mais uns quantos produtos nocivos.
Os nossos fogos florestais afectam o problema do CO2 de duas formas diferentes: uma é o CO2 lançado directamente na atmosfera, durante a queima das árvores; a outra é a quantidade, igualmente astronómica, de CO2 que deixa de ser absorvido da atmosfera pela floresta que ardeu e que só voltará a recuperar esse nível daí a vários anos quando (e se) estiver reconstituída.
É possível que estes factos estejam a ser considerados mas não me lembro de os ter visto referidos, quantificados e... corrigidos os erros! Pelo contrário, o que vejo é continuarem a ser cometidos os mesmos erros (de vez em quando ampliados), em vez de se fazer o que é elementar, como já chamei a atenção, nesta revista.
O caso dos fogos florestais é da competência do Ministério da Agricultura e não do da Administração Interna. Mas em Portugal, em que o Ministério da Agricultura anda há várias décadas a destruir a actividade que, por definição, devia desenvolver – até muita gente leiga detecta a diferença entre Portugal e a Espanha! – é possível que os fogos florestais façam parte desse programa de destruição, cada vez mais acelerado. E nem o grave problema do CO2 – tanto o que é lançado na atmosfera durante o fogo, como o que não é absorvido nos anos seguintes porque a floresta foi destruída – chega para o Ministério da Agricultura e até o Primeiro Ministro – que certamente vai sofrer nas urnas as consequências da brutal redução que já causou no nível de vida da grande massa dos portugueses – perceberem os clamorosos erros que têm estado a cometer.
Portugal, com toda a área florestal que tem e mais toda aquela que devia ter – não me canso de chamar a atenção para a urgência de florestar a serra do Algarve – talvez fosse um dos bons contribuintes para a absorção do CO2 e se não acordasse tão tarde e tão incompletamente para as energias renováveis, em que é tão rico, talvez até estivesse em boas condições para “vender” quotas de CO2.
Que tristeza pensar no que Portugal podia e devia ser e ver o estado em que o têm estado a pôr!
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