19 de dezembro de 2009

Eleições livres 2

Publicado no "Linhas de Elvas" de 12 de Novembro de 2009

Quando o Primeiro Ministro disse, na Assembleia da República, em 5 de Novembro de 2009, que o povo "se exprimiu livre e democraticamente nas urnas", deveria - se entre os deputados houvesse alguém com a noção do que é democracia e votar livremente - ter ouvido, nas interpelações, algo como o seguinte:

Lamento ter de contradizer o que disse o Senhor Primeiro Ministro. Nem os do seu partido nem qualquer dos deputados presentes nesta Assembleia da República foi eleito democraticamente, em eleições livres. Todos fomos eleitos porque os cerca de 8 milhões de eleitores, além de não se poderem candidatar, se o desejassem, apenas tinham a "grande liberdade" de escolher a que considerassem "menos pior" entre meia dúzia de listas, por ordem fixa, feitas ditatorialmente por outras tantas pessoas.

Eu fui eleito porque tive a sorte de ser incluído numa dessas listas e em tal posição que chegou à minha vez o número de votos obtidos por essa lista.

Devo dizer que teria muito mais prazer e honra se aqui estivesse porque, tendo decidido candidatar-me - como qualquer outro poderia ter feito - foi o meu nome que recebeu, no meu círculo eleitoral (uninominal, evidentemente), o maior número de votos.

Nota - Não há aqui muita repetição do que já apareceu noutros escritos? Há, mas a razão de ser necessário repetir é o facto de, apesar da descarada evidência demonstrar a falta de liberdade para escolher os dirigentes, os portugueses continuarem a pensar que vivem em democracia e aceitam como boas frases como a do Primeiro Ministro citada no início.

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