8 de agosto de 2013

Greves

Publicado no Público de 2 de Julho de 2013 Em 26 de Junho de 2013 recebi duma amiga uma mensagem que dizia apenas: “Amanhã estarei em greve”. A minha resposta, com apenas uns acescentos, foi a seguinte: Cara amiga, Gostava de saber o que espera ganhar com a greve. Lembro que protestos simbólicos são uma delícia para os governos destruidores. As pessoa vão satisfeitas para casa porque puderam protestar, sem compreender que nada conseguem. E, para mudar, correndo com o destruidor PSD, só podem trocar pelo ainda mais destruidor PS. Quem vai ganhar com a greve geral é o Gaspar, que já está a lamber os beiços com os milhares ou milhões de euros que vai deixar de pagar nesse dia. Eu vivi metade da minha vida na outra ditadura, que não era nada o que agora contam às criancinhas mas de que eu não gostava. Mas os desta, pelo que têm feito de muitíssimo pior, puseram muitos portugueses do antigamente a chorar por ela. Que os portugueses de baixa cultura pensem que, desde que podem protestar, já estão em democracia e nada os impressionem o facto de não terem eleições livres, o fundamental em democracia, não me admira. Mas, a quem já tem do 9º ano para cima, não dou essa desculpa e peço que raciocinem. O importante, no antigamente, não era aquela estúpida e ineficiente censura, pois praticamente tudo se sabia e até o Avante era editado e circulava clandestinamente, sem que a "horrível" censura fosse capaz de o impedir. Mas estou quase a dar razão ao Salazar que considerava que esta gente não precisava de democracia. Aos que a esta ditadura feroz e destruidora, bem pior que a outra, chamam democracia, eu culpo e considero responsáveis por esta desgraça. Porque é que elegem tão maus governantes? Ou "descobriram" democracia sem eleições livres, como nas antigas “Repúblicas democráticas de...”? Estou farto de transcrever, da minha "Proposta de Alterações à Constituição", os dois artigos essenciais para haver democracia, que são o 149º e o 151º. Mas parece que ninguém está interessado E lembro o que escrevi no final dum artigo publicado no Expresso em 1979: “Partidos políticos como congregações de homens com o mesmo credo político, sim! Partidos como órgãos de poder paralelo, não! E partidos como órgãos de poder ditatorial, três vezes não!" Ora o que temos nesta ditadura são partidos políticos como órgãos de poder ditatorial. Com um beijinho e votos de que goze bem a sua greve. Miguel

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