Publicado no “Jornal de Oeiras” de 12-9-2006
Em qualquer país minimamente civilizado, os “papeis” de investimento emitidos pelo governo são uma forma de poupança muito usada pelos pequenos investidores que, às vezes com sacrifícios, vão economizando uns dinheiritos, para mais tarde dar como entrada para a compra de casa ou para fazer face a uma emergência. Não dando a possibilidade dum enriquecimento rápido, como alguns investimentos de risco, oferecem uma remuneração normalmente certa e segura, de forma que o investidor sabe que no fim do ano, ou em períodos mais curtos, como o trimestre, houve um acréscimo de valor a esse pecúlio. Era um investimento considerado sem risco, naturalmente nos países em que o governo merece credibilidade.
Era esse o caso, em Portugal, dos Certificados de Aforro. Era, mas já não é. O que o governo agora faz é remunerar os Certificados de Aforro com um juro inferior à inflação de forma que, no fim do ano, esse capital, que devia ter crescido um tanto, afinal, vale menos do que no início do ano. E o estado, mesmo que não tenha feito qualquer investimento e tenha o dinheiro parado, chega ao fim do ano a ganhar alguns milhões! Há que mudar o nome e passar a chamar a esses papeis “Certificados de Desaforo”.
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