Publicado no “Linhas de Elvas” de 22 de Setembro de 2005:
Uma das técnicas de combate politico usadas por certos grupos é uma campanha mais ou menos aberta para descredibilizar quem quer que seja o líder contrário. O seu objectivo é ir criando nas populações sentimentos contra esse líder, tanto no sector que emite essa campanha como no campo adversário, visando conseguir divisões e o aparecimento de outros líderes mais fáceis de combater.
Os ingleses usaram o sistema durante a II Grande Guerra, para dar uma imagem má ou ridícula de Hitler e dos alemães, assim criando mais vontade de os combater. Filmes de tropas alemãs a marchar em “passo de ganso” com animação a transformar essa marcha num bailado ridículo, a BBC a chamar a atenção com descrições várias, etc. Os que viveram esse tempo e escutavam a secção portuguesa da BBC lembram-se da intonação de voz de Fernando Pessa quando referia “o senhor... Hitler”.
Logo após o 25 de Abril, o PCP, grande perito na matéria, não a descurou. O alvo a abater era o general Spínola, primeiro como Presidente da Junta de Salvação Nacional, depois como Presidente da República. Sabendo bem o que eram os partidos comunistas, era óbvio o seu anticomunismo e o PCP não perdia ocasião para o ridicularizar. E, como sabemos, acabou por ter êxito, embora muitos outros factores também tivessem influído.
Cedo o PS se juntou ao PCP nessa luta que algum tempo depois se transferia para o politico mais “perigoso” para eles, o presidente do PPD, Dr. Francisco Sá Carneiro. Inventaram-se calúnias, que se divulgaram por toda a parte e fez-se o possível por anular esse que se opunha ao domínio soviético, com o qual, no início, o PS totalmente alinhou. Quando o Dr. Durão Barroso e, depois, o Dr. Santana Lopes, estavam no comando viu-se o que eram os ataques intensos e constantes. Mas esses ataques a quem estava no poder e as críticas violentas ao faltarem ao prometido e às várias medidas tomadas deram lugar à designação de “medidas corajosas” quando o mesmo, mas em escala maior, foram as acções do governo socialista.
Actualmente já se iniciou a campanha para “descredibilizar o líder” que o PS e outros talvez tenham de enfrentar: o Prof. Cavaco Silva. O Dr. Mário Soares, mesmo antes de se falar na sua candidatura, lançou a campanha, abertamente, a tentar convencer as massas de que, com um PSD mais ou menos esfrangalhado, não poderá ser eleito Presidente da República. Outros “comentadores” da área do PS já começaram a colaborar, quase sempre mais discretamente, para dar uma ideia de “isenção”, mas visando sempre o mesmo objectivo.
Neste caso, porém, estão a tentar fazer esquecer que a eleição do Presidente da República é a única democrática em Portugal, aquela em que os cidadãos são livres de escolher quem entendem, sem estarem, por lei, sujeitos às “listas” elaboradas ditatorialmente pelos chefes dos partidos, como sucede para a Assembleia da República.
Todas as sondagens indicam ser o Prof. Cavaco Silva o candidato que a maioria dos portugueses deseja ter como o próximo Presidente da República. Como nessa eleição têm toda a liberdade de escolha (o que não sucede para a Assembleia da República), está nas mãos dos cidadãos tratarem do assunto. Se, por inércia ou por facciosismo partidário (que existe, cegamente, num determinado sector da população), o não fizerem e amanhã se virem confrontados com um Presidente que não é o que queriam, não têm razão de queixa. Mostram não ter capacidade para viver em democracia e continuarão, como agora, sem liberdade de escolha dos seus legisladores e governantes, sujeitos à ditadura partidocrática imposta pela nossa não plebiscitada Constituição.
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