15 de março de 2008

O patrão dos deputados

Publicado no “Linhas de Elvas” de 15 de Novembro de 2007

São cada vez mais frequentes as provas da feroz ditadura partidocrática a que os portugueses estão submetidos. A última (à data em que escrevo, pois elas sucedem-se, em catadupa) verificou-se a propósito da votação do orçamento do estado para 2008.

Os deputados do PS eleitos pelo círculo da Madeira anunciaram a sua intenção de se absterem nessa votação. Numa democracia, os deputados, mesmo pertencendo a qualquer grupo parlamentar, não podem obedecer senão ao que consideram dever ser feito. O grupo parlamentar pode expulsá-los se entender que eles não votam de acordo com as ideias do grupo, mas não pode obrigá-los a votar desta ou daquela forma. Numa democracia os deputados são escolhidos livremente pelos eleitores (e não por qualquer chefe de partido actuando ditatorialmente) e se procederem de acordo com os desejos das pessoas que ali representam, é natural que continuem a ser eleitos.

Nesta ditadura partidocrática eles ainda podiam votar conforme entendessem. Mas... se votassem contra os desejos do chefe do partido, nunca mais eram eleitos! O ditador, que decide quem é e quem não é candidato, nunca mais os escolheria! E foi assim que, engolindo sapos, para continuarem a ser eleitos e tendo ouvido do “patrão” que com a disciplina partidária não se brinca, lá foram votar contra o que desejavam.

O que é mistério para mim é como os portugueses, incluindo os mais ilustres politólogos, que justamente se queixavam de não poderem escolher livremente os seus legisladores e governantes, agora, apesar de serem constantes as provas de que também não podem, chamam a esta ditadura partidocrática... “democracia”!

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