30 de agosto de 2008

A mentira dos "funcionários a mais"

Publicado no Jornal de Sintra de 25-4-2008

Os portugueses estão a ser constantemente bombardeados por frases bem sonantes a dizerem que Portugal tem "funcionários públicos a mais" e que o estado, para funcionar bem, tem de reduzir esse número. É uma mentira descarada, daqueles que, mesmo quando de declaram "socialistas" (que não são) e "de esquerda" (que ainda são menos) apenas pretendem que o estado funcione mal para dar bons negócios a amigos. (E, às vezes, aparecerem na chefia de empresas que beneficiaram enquanto governantes). Os dados do Eurostat são claros:


PESO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA POPULAÇÃO ACTIVA

(Dados de 2004)

(Fonte EUROSTAT)

Suécia ................ 33,3%
Dinamarca ----------- 30,4%
Bélgica ---------------- 28,8%
Reino Unido --------- 27,4%
Finlândia ------------- 26,4%
Holanda -------------- 25,9%
França ---------------- 24,6%
Alemanha ------------ 24%
Hungria --------------- 22%
Eslováquia ------------ 21,4%
Áustria ---------------- 20,9%
Grécia ---------------- 20,6%
Irlanda ---------------- 20,6%
Polónia ---------------- 19,8%
Itália ------------------- 19,2%
República Checa --- 19,2%
PORTUGAL--------- 17,9%
Espanha -------------- 17,2%
Luxemburgo ---------- 16%

O que abunda são incompetentíssimos chefes, a variados ní­veis, como já tive ocasião de demonstrar(1), nomeados apenas por serem compadres e amigos nas várias formas conhecidas. Também não me surpreenderia - conheço alguns casos evidentes - se a "incompetência" for deliberada, quando se pretende destruir algo. Ainda a propósito de "funcionários a mais", já chamei a atenção para o caso da Suécia (que aparece em primeiro lugar na tabela acima), país onde não há pobres e onde o ní­vel de vida da população em geral é aquilo que se conhece(2).
Se os portugueses quiserem continuar a ser tão ingénuos e crédulos como têm sido, continuarem a chamar "democracia" a esta feroz ditadura partidocrática que não os deixa escolher livremente os seus legisladores e governantes (caracterí­stica fundamental duma democracia) e continuarem a consentir no comando quem tão mal os trata (ao mesmo tempo que beneficia lautamente alguns privilegiados), que extingue serviços para obrigar a pagar a privados, etc. etc. etc. é caso para dizer que têm o que merecem..

(1) Mota, M. - Estrutura e funcionamento. Jornal de Cascais de 20-2-2007
(2) Mota, M. - Portugal e a Suécia. Linhas de Elvas de 21-12-2006

Sem comentários: